As mulheres ainda não são a maioria entre os empresários brasileiros, mas o número de empreendedoras cresceu 21,4% no período de dez anos. A participação dos homens à frente dos micro e pequenos negócios, por sua vez, subiu 9,8% no mesmo período. De cada dez empresas em atividade no Brasil, três são comandadas pela força feminina.
Esse diagnóstico faz parte do Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas, elaborado pelo Sebrae em parceria com o Dieese. O estudo analisou o perfil de gênero nos pequenos negócios – aqueles que faturam até R$ 3,6 milhões por ano – entre os anos de 2001 e 2011.
A região Norte foi a que teve o maior crescimento de mulheres empreendedoras no país. Em dez anos, o número de mulheres que montou um negócio cresceu quase 80%. A região Centro-Oeste apareceu em segundo lugar, com 43%. Para o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, esse resultado comprova uma tendência que vem surgindo nos últimos anos. “Há algumas décadas, o avanço feminino no mercado de trabalho é percebido em frentes variadas e não poderia ser diferente no empreendedorismo”, observa.
O estudo também revela que as mulheres que estão montando o seu próprio negócio são bastante jovens: 41,3% têm entre 18 e 39 anos e 52% têm entre 40 e 64 anos. Além disso, cerca de 40% delas são chefes de família, sendo que a maioria (70%) tem ao menos um filho. “Como empresárias, elas conseguem conciliar melhor o trabalho com os cuidados da casa e dos filhos. Quase metade dessas mulheres são as únicas responsáveis pela educação de seus descendentes e isso não as impede de empreender com dedicação”, destaca Barretto.
Para o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, há uma clara mudança na participação da mulher na vida econômica, mas ainda há mais por vir. “Será preciso um conjunto de outras transformações na vida pública e política com a presença das mulheres nos negócios, mas a situação precisará mudar também dentro dos lares, no que trata da divisão de tarefas domésticas, do cuidado com os filhos e das atribuições da vida familiar. As mulheres promoverão transformações no mundo dos homens e a sociedade toda irá se beneficiar”, acredita Clemente Ganz.
O setor que as mulheres mais empregam é o Comércio, com 42% de empregos gerados, sendo a venda de roupas, acessórios e calçados, a atividade com maior concentração feminina. Os setores de Serviços e Indústria vêm em seguida.
Equipe
Criada em Brasília há quatro meses, a ReFábrica, empresa que produz roupas e brindes ecológicos a partir de garrafas PET recicladas e misturadas ao algodão, é comandada por Rosicléia Mendes, de 43 anos. Esse é o segundo negócio da empresária, que também é proprietária de uma empresa que confecciona e vende uniformes. Atualmente, ela conta com uma funcionária e com o trabalho de 25 bordadeiras de uma cooperativa que, juntas, produzem em torno de 7 mil peças por mês.
Para incentivar cada vez mais o empreendedorismo feminino, desde 2004 o Sebrae realiza anualmente o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. Ao longo dos anos, a premiação registrou um aumento no número de empreendedoras. Em 2012, contou com 5,4 mil inscrições em todo o Brasil. A etapa estadual registrou 65 finalistas.
Características da mulher empreendedora
As empreendedoras, geralmente, dão mais atenção aos clientes
As mulheres investem mais em capacitação. A proporção de empresárias com, no mínimo, Ensino Médio completo, é quase o dobro do percentual de homens com a mesma escolaridade.
Proporcionalmente, as mulheres procuram mais o atendimento do Sebrae e estão sempre em busca de mais informação e orientação.
Normalmente, as mulheres conciliam melhor suas atividades pessoais e profissionais.
As mulheres buscam o empreendedorismo para ter maior flexibilidade de horários.
As empreendedoras são, geralmente, mais detalhistas, sensitivas e intuitivas, características que podem contribuir para a gestão do negócio.
As mulheres empreendedoras conseguem aliar as características de coragem, iniciativa e determinação, com a sensibilidade, intuição e cooperação.
Fonte: Sebrae SP